Mensagem do Grão-Mestre

Honrando a herança recebida desde o exemplo maior de Jacques de Molay, proponho-me a continuar a combater por uma sociedade mais livre e mais solidária, onde o génio individual liberte todo o seu poder criativo à luz da razão, conquistando a verdadeira beleza que resulta da perfeição.

Quando atendemos à dimensão de todos aqueles que se sacrificaram em nome dos nossos ideais, só podemos ter orgulho na condição de maçons que transportamos em nós.  

Por todas estas razões, escolhi como lema do meu Grão-Mestrado “O Orgulho em Ser Maçom”.

O Grão Mestre deve governar o que lhe foi confiado, dirimindo os conflitos, eliminando o que for injusto e negativo, na procura da harmonia, da paz e da concórdia.

É certo que somos hoje a maior obediência em Portugal. Por isso foi compromisso defender a máxima exigência na seleção daqueles que devemos aceitar na nossa Augusta Ordem.

A nossa tónica tem de estar em seleccionar, não em recrutar.

Seleccionar, sempre com o intuito de procurar ter connosco os mais bem preparados pois, só assim poderemos agir com maior significado junto da vida profana onde nos inserimos e só assim manteremos a união e a fraternidade que nos caracteriza.

Vivemos um tempo de dificuldades no país, na Europa e no mundo, em que proliferam muitas desavenças políticas, conflitos bélicos, incertezas geoestratégicas e incapacidade para resolver os problemas sociais, como os das minorias e dos refugiados.

E reflito nisto aqui porque a Maçonaria não vive fora do mundo e das realidades que a cercam e, por isso mesmo, não poderemos nunca ser um corpo amorfo e indiferente, em tão vasto horizonte de eventos com que nos confrontamos.

Num mundo em permanente evolução, a mudança deve estar ancorada num quadro de valores que, em momento nenhum, esqueça as pessoas e a liberdade individual como principal motor dessa dinâmica e, em ultima instância, da garantia da própria felicidade humana.

A nossa Ordem, pela força da sua génese e pela sua responsabilidade histórica, será inevitavelmente chamada a, mais uma vez, constituir-se como farol da evolução, saber de experiência feita sobre o essencial da libertação do Homem, luz sobre os valores que mudança alguma pode colocar em causa.

Num momento em que a Maçonaria enferma de uma injusta perceção pública, numa época em que tudo vale, para fazer vingar um qualquer fim, mais do que nunca teremos que travar a queda por este declive obscuro e recolocar a Maçonaria no caminho e no patamar que sempre a distinguiu ao longo da História.

A Maçonaria em Portugal esculpiu pela sua ação alguns dos momentos mais épicos dos feitos nacionais. Da democracia à consagração das diferentes liberdades, muitas são as medalhas que podemos exibir com brio e dignidade.

É pois tempo de voltarmos a contribuir ativamente para o apuramento do Homem e da sociedade, é tempo de voltarmos a fazer História.

Cumpre-me, obviamente, refletir sobre o nosso momento, a realidade da nossa fraternidade. O certo é que sendo uma Fraternidade, somos também uma Ordem onde impera a lealdade e a irmandade. Mas não nos esqueçamos que somos ainda uma Obediência e esta obriga-nos, a todos, a uma sã relação de respeito para com o Grão-Mestre, e deste para com todos os Irmãos.

Podemos não concordar com o quer que seja, mas temos de cumprir e, sobretudo, em fraternidade, cumprir e agir irmãmente. Nunca por objeções, maledicências, deslealdades ou críticas que atingem a dignidade de qualquer Irmão.

É tempo de trabalhar muito, com dedicação, ética, harmonia e entrega a esta nossa causa que é de todos.

Afinal, tudo só pode ser feito com o empenho de todos os Irmãos, pois se é claro que a Grande Loja tem de ser o vértice da Fraternidade, não podemos esquecer que esse vértice assenta numa base que são as Lojas, com proximidade e interação.

Agora que sou o vosso Grão Mestre fiquem certos de que não estarei contra ninguém, exceto aqueles cujo comportamento e ações, não respeitem os princípios e juramentos que nos unem.

Por isso, também, todos os Irmãos devem esforçar-se por trabalhar comigo, ajudando-me na obra comum.

O Grão Mestre será o garante que nenhum Irmão fica esquecido, que todas as palavras são escutadas, mas igualmente que nenhum outro se arroga de importâncias que não tem, ou de egos que deve, em primeira linha, combater.

Este é o espaço da liberdade, da igualdade e da tolerância.

Comprometi-me e vou demonstrar que somos, uma organização virada para a sociedade, aceite e contributiva e onde os maçons são reconhecidos como homens de confiança, livres e de bons costumes.

Convosco sei que, em paz e harmonia, todos faremos mais e melhor para a nossa Augusta Ordem.

 

Armindo Azevedo

Grão-Mestre